sábado, 14 de agosto de 2010

Prejuízos

Soja louca II pode gerar prejuízos de até 40% na produtividade das plantações

Anomalia ainda sem causa conhecida já afetou lavouras em sete estados brasileiros

por Drielle Sá
Alvaro M.R. Allmeida
Plantação afetada pela soja louca II
Uma nova anomalia tem preocupado seriamente os produtores nacionais de soja. Popularmente chamada de “soja louca II”, esse problema já afetou, só na safra 2009/2010, grandes áreas de plantações nos estados de Mato Grosso, Paraná, Goiás, Maranhão, Tocantins, Pará e Piauí. Especialistas estimam que a doença possa comprometer em até 40% a produtividade das lavouras afetadas.
As causas dessa doença ainda não são conhecidas, mas há várias suspeitas, como a ação de um ácaro preto, frequentemente presente nas lavouras afetadas pela soja louca II. Também estão sendo considerados fatores como o clima chuvoso, a existência de muitas gramíneas entouceiradas nas lavouras ou mesmo os métodos e produtos utilizados na adubação das palntas.

De acordo com Luiz Nery Ribas, gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), já há registros do problema desde 2006, em pequenas proporções. “Mas, de um ano para cá, começamos a receber reclamações bem sérias. Ainda não temos a proporção exata do prejuízo, pois os produtores começaram a perceber o problema no final da última safra. Alguns declararam que chegaram a perder mais de 50 hectares de área plantada devido à anomalia. Outros disseram ter perdido até 30% da produção”, conta Ribas.

 Soja Louca, o retorno
Segundo Dionisio Gazziero, pesquisador da Embrapa, a expressão “soja louca” já serve há anos para denominar, popularmente, uma anomalia que impede o amadurecimento das plantas no campo. “Já com a soja louca II, além da falta de amadurecimento e do grande abortamento de flores e grãos, as plantas também apresentam outros sintomas. Entre eles a diminuição no número de pelos nas folhas, folhas mais escuras do que as vistas em plantas sadias e o nascimento de muitas flores ou vagens num mesmo lugar, atrofiados”, explica Gazziero.
Alvaro M.R. Almeida
Nas plantas afetadas, podem nascer muitas flores ou vagens num mesmo lugar, de forma atrofiada
A Embrapa também informa que essas plantas apresentam um engrossamento de suas nervuras e um afilamento das folhas do topo. Além disso, suas hastes exibem deformações e engrossamento dos nós. As vagens também se desenvolvem com deformações, redução do número de grãos ou mesmo apodrecimento dos mesmos.

 Busca de soluções
Para combater o problema, recentemente a Embrapa firmou parceria com com a Aprosoja e instituições de pesquisa de diferentes estados para desenvolver estudos que ajudem a elucidar as causas da anomalia e gerar métodos de prevenção para as próximas safras.

“Um dos objetivos dessa parceria é criar uma rede de informações que fique disponível para produtores e estudiosos em todo o Brasil. Dessa forma, uma pesquisa poderá complementar a outra, gerando respostas mais rapidamente”, diz Ribas. Outras finalidades são o mapeamento das áreas afetadas para se ter uma dimensão total das perdas e sugerir técnicas adequadas de manejo de acordo com as características de cada região.

Por ora, o pesquisador Gazziero sugere que os sojicultores manejem suas terras da forma mais adequada possível. “É bom ficar atento às possíveis causas da doença, como o ácaro-preto e as gramíneas entouceiradas. Mas o mais certo a fazer é seguir as recomendações do engenheiro agrônomo que já acompanha a produção. Ele deverá sugerir as técnicas mais adequadas para o manejo, que variam de uma região para outra”, afirma Gazziero.

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